Neste final de semana ele postou em seu blog um texto relatando da "palhaçada" na qual comentei aqui sobre a premiação de Xuxa no festival de cinema de gramado.
Onde eu assino Pablo?
Gramado teve o que merecia
Quando um festival supostamente dedicado a homenagear, honrar e celebrar o Cinema resolve premiar uma das maiores fraudes do país, uma figura que produz porcarias em massa sem o menor apuro artístico apenas para explorar os fãs e adicionar mais alguns trocados à sua já imensa fortuna, é natural que qualquer cinéfilo que se preze se sinta ultrajado. Dizer que Xuxa contribuiu para o cinema nacional apenas porque fez filmes de sucesso é um argumento tão estúpido quanto alegar que Rob Schneider fez bem para o gênero comédia ao mostrar que fazer rir não é tão simples quanto muitos imaginam.
O que forma público não é a presença de uma "estrela" em um subfilme. O que forma público não é um fenômeno pontual no qual crianças obrigam seus pais a pagarem ingressos para sua visita anual ao cinema. O que forma público são bons filmes que, através de histórias envolventes e bem contadas, levam as crianças a se interessarem por uma experiência diferente daquela que já vêem na televisão.
Sim, porque um "filme" que nada mais é do que uma versão widescreen de um especial da Globo não é "Cinema" apenas porque foi projetado numa tela em uma sala de exibição - e as crianças percebem isso; sabem que nada viram de diferente e, portanto, não encontram, ali, motivação para persistirem na descoberta desta nova forma de arte.
O que Gramado esperava celebrar, então, com a homenagem a uma criatura que apenas explora a arte que amamos para benefício próprio e que ainda se notabilizou por garantir a eterna censura a um filme no qual atuou (Amor Estranho Amor)? Se a homenagem partisse de uma associação de exibidores, perfeito. Mas de um Festival de Cinema?! Imperdoável.
Os organizadores do evento, porém, tiveram o que mereciam: depois de se venderem com o intuito de criar um oba-oba que recolocasse Gramado na lista dos principais eventos de cinema do país (na qual Gramado, ao lado do Festival de Brasília, vem deixando de figurar há algum tempo), os responsáveis por esta homenagem vergonhosa foram obrigados a testemunhar a Rainha cuspindo o prêmio em seus rostos. Com a falta de elegância e educação que poderíamos esperar de uma mulher que encontrou um nicho de mercado na sexualização dos programas infantis, Xuxa fez um discurso não apenas patético e sem a menor coerência, mas também ofensivo. Acusou o festival de ser preconceituoso, afirmou ser uma representante típica do "povo" (o que explica por que seus seguranças atropelavam quem tentasse se aproximar da auto-proclamada - e vejam a ironia - "Rainha") e ainda usou o clichê zagalliano do "eles tiveram que me engolir" depois de receber seu troféu.
E Gramado ainda pagou 60 mil reais à criatura para que esta ofendesse e humilhasse o evento (além de manchar sua História).
Brilhante. E merecido.
Update: Amor Estranho Amor (foto abaixo) pode ser visto na íntegra no Google vídeos.
Update 2: A foto foi retirada em função de aconselhamento jurídico; aparentemente, a "Rainha do Cinema" decidiu que todos devem se esquecer de que o importante cineasta Walter Hugo Khouri fez um filme no qual ela surge nua e seduzindo uma criança e, portanto, é extremamente beligerante no que diz respeito a imagens do longa.
Fonte: http://www.cinemaemcena.com.br/pv/BlogPablo/post/2009/08/14/Gramado-teve-o-que-merecia.aspx
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